Trabalhar em Casa vale a pena? Eu nunca quis ser freelancer…
Muita gente vive me perguntando se trabalhar em casa vale a pena, se eu realmente tenho resultados e, as mais “ousadas”, possuem a audácia de pedir se “dá pra sobreviver”. Confesso que eu acho graça dessa pergunta de sobrevivência, mas mesmo assim eu respondo as pessoas quantas vezes forem necessárias.
Mas bem, antes, acho que vou me apresentar um pouquinho. Me chamo Camila, sou psicóloga e redatora, tenho 25 anos e há dois eu trabalho única e exclusivamente de casa. Sou apaixonada por escrever desde os sete anos e sempre estive envolvida com o universo de leitura e escrita.
Com isso, formei-me em psicologia e, por agora, estou cursando Letras/Português. Porém, em contrapartida à toda a minha história, eu nunca quis ser freelancer. Mas hoje vou te contar porque eu quero, a partir de agora, ensinar isso para as pessoas.
Eu nunca quis ser freelancer
Se eu te disser que este era o maior sonho da minha vida, eu vou estar mentindo na cara dura. Se alguém lhe falar que eu vivia dizendo que queria trabalhar em casa, estarão lhe enganando. Porque eu nunca havia cogitado esta possibilidade em toda a minha vida, até que ela se tornou a minha única chance.
Em compensação, eu sempre fui apaixonada por escrever. Quem me conhece bem (e até quem me conhece de longe) sabe o quanto eu sempre estive envolvida com redação, produção de texto e, inclusive, concursos.
Cresci dentro de uma casa onde eu passava a maior parte do tempo imaginando estórias. E as transcrevia para o papel, cheia de vontade de dar vida para os meus pensamentos. E, para mim, não havia forma melhor do que a escrita.
Em paralelo a isso, eu via que eu era apaixonada por ouvir. Sim, além de escrever, eu gostava de escutar. As coisas, as músicas, as histórias, as pessoas. E, com isso, fui desenvolvendo um novo gosto dentro de mim: a paixão pelos sujeitos que fazem a vida ser vida.
Como consequência, me deparei com um desejo incalculável por estudar psicologia. E lá fui eu, com 17 anos, me inscrever para a faculdade metropolitana de Blumenau. Eu ainda nem entendia direito a vida, e ainda nem entendo kk, mas mantive o meu desejo acima de qualquer dúvida.
A consequência? Bem, ao longo de minha graduação eu escrevi muito (escrevi pra cacete, pra ser bem sincera), e eu era apaixonada por elaborar roteiros de trabalhos e escrever as questões discursivas com os insights que a minha mente vinha elaborando a cada nova letra que eu desenhava no papel.
Eu lia como se não houvesse amanhã. Resumia todas as matérias, sempre, pelo prazer de estudar e pelo prazer maior ainda de escrever.
Eu acordava todos os dias pensando na minha faculdade, nos meus estudos, naquele trabalho e naquela prova. Quem me acompanhou viu o quanto eu era afobada e fissurada por entregar tudo.
Com isso, via-me constantemente esgotada. Fisicamente e, em algumas situações, psicologicamente. Eu trabalhava fora e estudava de segunda à sexta, em uma faculdade presencial que exigia muito de mim.
Eu estava exausta. Às vezes chorava, frustrada por não concluir um texto da forma que eu queria. Mas…
Nem ali eu cogitei ser freelancer, e tampouco trabalhar de casa.
Será que trabalhar em casa vale a pena?
Eu via muita gente perguntando isso antes mesmo de eu trabalhar em casa. Mas eu juro que não dava importância (eu dava, senão eu não estaria falando isso aqui kk), porém, o momento de amadurecer esta importância não era aquele. Eu estava pondo toda a minha libido nos trabalhos da faculdade, e jamais poderia cogitar mudar a minha rotina da noite para o dia. Estava “bom”, como estava. Mas nem tanto.
Eu recebia pouquíssimo no meu último emprego formal. Eu mal conseguia pagar minha topic, meus xerox e minhas comidinhas na faculdade. Comprar livro? Sem chance, era melhor apostar no PDF mesmo. Comprar uma roupa nova? Menos ainda, era melhor eu continuar com a roupa do trabalho, indo direto para a faculdade.
Mas, o “será que trabalhar em casa vale a pena” começou a me perseguir, de modo inconsciente, mas perseguia. E sabe por quê? Porque meu namorado começou a trabalhar como freela, mas, ao mesmo tempo, tinha emprego fixo.
Porém, não me “importei” (não naquele momento).
Seguia a minha vida regrada de estudos, obrigações, trabalho, e milimetricamente calculando cada gasto e chorando no início do mês ao perceber que mais uma vez não me sobraria um centavo sequer.
E assim
foram
cinco
anos.
A pseudo proposta
Depois que eu já havia passado por mil e um perrengues financeiros, uma pseudo proposta de trabalho surgia diante dos meus olhos. “Talvez” eu teria um espaço como psicóloga em um ambiente específico, só para mim. Empolguei-me, criei expectativas, e tomei um tiro no meio da fuça. O meu arco-íris virou tempestade e o meu chão um buraco. Eu caí.
Despenquei.
Chorei.
Eu estava com um diploma em mãos e sem perspectiva nenhuma de fazer algo com aquilo. Eu não estava pronta pra atender pacientes, eu queria antes me formar psicanalista. Eu não estava pronta psicologicamente pra me manter em um emprego medíocre que não me pagava nada. E, menos ainda, eu tinha força para começar algo.
O que eu fiz? Pesquisei na internet os e-mails das empresas da região. Anotei tudo num papel. E fui enviando o meu currículo.
Mas eu sabia que tava tudo errado, eu não queria mandar currículo para aquelas pessoas, e menos ainda para aqueles cargos, e eu chorava sem parar.
Era férias de janeiro
Foi nas férias de janeiro, de 2018, que eu me deparei com esse dilema. Em fevereiro daquele ano seria a minha colação de grau, e tudo que eu conseguia pensar era em: choro e tristeza.
Eu já havia mandado currículo. E-mail. Sinal de fumaça. E NINGUÉM HAVIA ME RESPONDIDO.
Eu estava desistindo e pensando…
É, vou continuar num emprego que não me paga nada pelo resto de minha vida.
Mas… Eu ouvi a minha angústia. E, por deus, como é bom quando a gente permite se escutar, não é mesmo?
11 de janeiro de 2018
Dia onze de janeiro de 2018, em meio à lágrimas, pesquisei na internet a seguinte frase: “como ganhar dinheiro escrevendo?”. Afinal, o meu maior sonho sempre foi ser uma grande escritora, e ele perdurava naquele instante.
Não, eu ainda não sabia se trabalhar em casa vale a pena, tampouco podia ter certeza de que conseguiria algo que eu tenho hoje. Mas fui pesquisando.
Encontrei sites de freelancer, como o queridíssimo 99freelas. Fui mandando propostas, sem entender, sem saber como cobrar e tampouco como chegar em algum cliente.
Mas sabe o que mais?
Eu consegui um cliente no primeiro dia. Eu acho que a história que eu contei pra ele fez com que o mesmo se interessasse pelo meu trabalho kk. Porque eu fui muito sincera, falando do meu amor por escrever (e não da crise existencial, hein? Hahah).
Trabalhar em casa vale a pena SIM
Depois disso eu só tive uma certeza: se você ama o que está fazendo e/ou possui uma habilidade específica, sim, trabalhar em casa vale a pena E MUITO.
Eu digo isso porque aquele foi meu primeiro cliente. Mas, depois dele, eu já tive mais uns 60, nestes dois anos. E, te contar, destes 60, muitos caminham comigo até hoje… 🙂
Com isso fui construindo uma rotina de trabalho que crescia, até que se tornou robusta. Eu estava, no começo, assustada, pensando que “era bom demais para ser verdade”. E era! Só que era tão bom e, ainda, tão verdade, que eu não via mais outras possibilidades que me preenchesse tanto, quanto aquele trabalho.
Dessa maneira, 2 meses depois de conseguir o primeiro cliente eu já estava largando o meu emprego fixo. Chorei quando saí de lá, mas, me encontrei em minha nova profissão, neste novo rumo.
Passei a ter um fluxo incrível de textos para fazer, com uma média de 10 por dia. Sim, eu ficava meio doidinha às vezes, até montar uma rotina mais organizadinha com a quantidade.
Ou você achou que eu não seria metódica com o meu dia a dia? Kkkkkkk. Errou!
Trabalhar em casa transformou a minha vida
Ao trabalhar em casa eu notei que eu poderia fazer meus horários, prospectar quantos clientes quisesse e aumentar meus ganhos no modo que fosse confortável e interessante pra mim. Estipulei metas, venci empecilhos e fui crescendo.
Estudando.
Desenvolvendo-me.
Hoje, meu trabalho em casa paga a minha segunda faculdade, realizando um sonho de infância de estudar Letras e, dessa forma, deixar a minha vida de escritora mais “escancarada”.
—
Eu nunca quis ser freelancer… Mas hoje eu noto que a liberdade de trabalhar em casa trouxe pra mim a maior realização da minha vida até então.
Não é porque você não sonhou isso a vida inteira, que isso não seja para você, hein?
Trabalhar em casa vale a pena, mas, o que você está disposto a fazer para conquistar isso?
Eu estava disposta a arriscar, sair do emprego fixo e mergulhar na maior paixão da minha vida: a escrita. E aqui eu me encontrei, dentre tantos desencontros que a vida já havia me jogado… Você está pronto para se desencontrar ao encontro de si mesmo?
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